NEUROPLASTICIDADE

Por muitos anos, acreditava-se que, após o desenvolvimento do sistema nervoso central, essa estrutura se tornava rígida e qualquer alteração na região seria de caráter permanente. No entanto, com a descoberta da neuroplasticidade, foi possível compreender que até um cérebro adulto é capaz de ter algumas células reconstituídas.

O conceito de plasticidade neural ainda é muito estudado pelos neurocientistas. O que se sabe até agora é que a sua aplicação é bem diversa, podendo ser utilizada no tratamento de doenças neurodegenerativas, nos procedimentos fisioterapêuticos e até mesmo na psicoterapia.

O que é neuroplasticidade?

A neuroplasticidade é a capacidade que o cérebro tem de aprender e se reprogramar. Essa competência está presente nas células nervosas e permite que todo o sistema nervoso consiga se adaptar a determinadas situações, como traumas e lesões.

Antes de aprofundar no tema, vamos lembrar que o principal mecanismo do sistema nervoso são as sinapses, que nada mais são que a conexão de dois ou mais neurônios para enviar ou receber informações trocadas entre todo o corpo e o córtex cerebral. Esse padrão sináptico pode ser remodelado por meio de pensamentos, emoções, adaptações ao ambiente, entre vários outros fatores.

Sendo assim, a plasticidade neural permite que novas sinapses sejam realizadas, modificando essa rede de comunicação neuronal. É por meio dessas alterações que é possível superar um trauma vivido há anos, com o acompanhamento da psicoterapia, por exemplo.

A neuroplasticidade também pode acontecer por brotamento. Nesse caso, em regiões lesionadas, pode ocorrer o alongamento dos axônios de alguns neurônios, chegando aos dendritos e aos corpos celulares de outros neurônios, promovendo a sinapse. Desse modo, as funções relacionadas a essa área danificada podem ser reativadas, ainda que com uma certa limitação.

É importante ressaltar que a neuroplasticidade é muito comum na infância, período no qual um indivíduo está passando tanto pelo desenvolvimento pessoal, adquirindo conhecimentos e hábitos sociais, quanto pelo cerebral, em que algumas partes do sistema nervoso ainda estão em construção.

Por conta disso, é natural que crianças desenvolvam hábitos, sua própria personalidade, habilidades, entre outros fatores. Ao que tudo indica, quando um indivíduo atinge a vida adulta, por volta dos 20 anos, o seu sistema nervoso já está totalmente construído. A novidade aqui é que a neuroplasticidade não deixa de ocorrer mesmo após essa faixa etária.

Qual é a importância da neuroplasticidade?

A importância da neuroplasticidade se dá pelo fato de que ela estimula a adaptação do cérebro às mais variadas situações. Isso faz também com que um indivíduo não perca totalmente a sua capacidade de realizar determinadas tarefas, mesmo que algumas áreas de seu sistema nervoso estejam lesionadas.

Usando como exemplo uma pessoa que perdeu a audição depois de uma certa idade — isto é, ela nasceu com esse sentido, mas, por algum motivo, essa situação foi alterada. Ao passar por esse trauma, ela precisa começar a compreender a sua realidade sem os estímulos auditivos. A neuroplasticidade é um dos processos internos que ocorrem para promover essa adaptação.

O processo de plasticidade neural é ainda mais estimulado quando determinadas áreas do corpo humano sofrem lesões, como no caso do Acidente Vascular Encefálico (AVE). Nesse caso, a recuperação do indivíduo também é condicionada pela neuroplasticidade.

Eventos traumáticos também podem gerar distúrbios psicológicos, como a Síndrome do Pânico e demais transtornos de ansiedade. Estimulando a neuroplasticidade é possível auxiliar uma pessoa a enfrentar esses problemas e minimizar os seus efeitos em sua vida.

Outra aplicação interessante da plasticidade neural é a de desenvolver novos hábitos e substituir antigos. Pessoas que têm dependência química, por exemplo, podem se livrar do vício ao receber a devida assistência psicológica e aprender a reprogramar os seus costumes.

Qual a relação entre a neuroplasticidade e a psicoterapia?

É justamente essa a principal relação entre a neuroplasticidade e a psicoterapia: por meio do acompanhamento psicológico, é possível incentivar padrões que levam à plasticidade neural e ajudam no tratamento de diversas doenças que afetam o sistema nervoso ou o estado emocional de uma pessoa.

Por exemplo, a neuroplasticidade pode ser útil na restauração cognitiva de indivíduos que sofreram problemas motores ou de memória, principalmente derivados de alguma lesão no sistema nervoso, seja central seja periférico. Nesses casos, a psicoterapia e a fisioterapia são grandes aliadas na recuperação do paciente e na promoção de qualidade de vida.

Outros transtornos podem ser tratados dessa maneira, como a depressão e a ansiedade. Afinal, a adoção de hábitos saudáveis é um dos métodos utilizados para a redução do efeito dos sintomas, promovendo a melhoria do humor e do bem-estar.

Como visto, a plasticidade neural trabalha também na formação de hábitos. Na prática, isso ocorre como se estivéssemos ensinando o nosso cérebro a como se comportar melhor. Com isso, é possível adaptar o paladar e se acostumar com o gosto de alimentos saudáveis e reduzir o consumo de produtos com grande quantidade de sódio ou açúcar, por exemplo — o que favorece a saúde física e o estado nutricional do paciente, melhorando também condições de transtornos alimentares.

Além disso, com a psicoterapia, é possível trabalhar padrões de pensamento para evitar gatilhos que geram crises ou alteram drasticamente o humor de uma pessoa, como casos de transtorno de Borderline ou de bipolaridade.

 

Fonte: https://blog.cognitivo.com/neuroplasticidade/

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